Audax 300 Floripa Julho 2013

Um dos meus objetivos para 2013 foi brevetar o Audax 300km em Florianópolis. Seguindo do brevet do Audax 200 Floripa no último dezembro e de uma série de treinos – incluindo participar do Audax 200 Balneário Camboriu neste ano – chegou a hora dos 300 kilômetros.

No sábado segui com o Dalton para Floripa. Já na retirada dos kits encontrei o Marcio Serpa lá de Itapema no Della Bikes. Retiramos nossos kits, fomos jantar na mesma pizzaria do último Audax – o rodízio de massas e pizzas é muito bom – e seguimos para o Congresso. Enquanto o congresso não começava, ficamos num posto bem movimentado curtindo as beldades que ali passavam e pensando nas pitangas que iríamos chorar nos mais de 300 kilômetros que iríamos pedalar nas próximas horas.

O congresso em si, foi breve e rápido, não durou uma hora. Acredito que no 300 as coisas são mais objetivas, pois ninguém ali é novato, explicaram todos os detalhes do trajeto, tive a oportunidade de conversar rapidamente com o Cabelo – e sua esposa- e também de reencontrar o maluco do Marcelo Stimamiglio, um cara super gente boa que conhecemos lá no Audax 200 Balneário Camboriú.

Perto da meia noite chegamos para a vistoria e de cara encontramos os amigos do Pedala Gente que também iriam encarar este pedal light. Contagem regressiva e pontualmente a largada aconteceu em frente a Della Bikes. Reagrupamos novamente na ciclovia da Beira Mar Norte e a adrenalina de fazer um pedal noturno estava só começando.

Audax 300 - Beira Mar Norte em FloripaAudax 300 – Beira Mar Norte em Floripa

Até a saída de São José, nenhuma novidade, pois já era um caminho conhecido do Audax 200km, neste tempo fizemos amizade com um outro maluco de Floripa e viemos revezando vácuo. Contávamos histórias de outros Audaxes e o clima era super divertido. A velocidade era boa e na BR 101 fechamos um pelotão legal onde pedalamos até Biguaçu. Dali em diante ficamos somente eu e o Dalton até Itajaí, onde foi nossa primeira parada no PC1 102km com 4:10h de prova. A estrutura deste PC estava ótima, tinha café, diversas frutas, água, pães e até um risoto quentinho, delícia.

Seguimos de Itajaí sentido sul para São José onde estava o PC2 com 200km, enfrentamos a deliciosa subida do Morro do Boi. Depois do esforço na subida, a adrenalina da descida em Itapema foi fenomenal. O nascer do sol em Meia Praia foi algo surreal também, coisas de só quem vira a noite num Audax pode curtir.

Audax 300 Floripa ItapemaAlvorada em Itapema

Passando o pedágio de Porto Belo, já eram 6:30h e decidimos uma breve parada para tomar um café com pão de queijo quentinho. Não sentimos sono algum, mas ao continuarmos o pedal o clima havia mudado completamente, ventava muito – vento contra, claro – e manter 18km/h era complicado. Aos poucos fui sentindo o corpo perder forças e senti que não estava legal. Assim fui me arrastando até São José, onde percebi que estava há mais de uma hora sem comer nada, depois que comi alguma coisa meu rendimento começou a melhorar, apesar do vento castigar bastante.

Audax 300 Floripa - Pedalando em BiguaçuSol nascendo em Biguaçu

Chegamos ao PC2, outra parada para comer e hidratar e seguimos pelo bairro Campinas até a ponte que nos levava novamente a Ilha. Neste trecho comecei a me sentir melhor, mas como ventava muito, não conseguíamos manter uma velocidade boa.

Audax 300 FloripaAudax 300 Floripa

Praias no ContinentePraias no Continente

Seguimos pelo Morro das Pedras, Lagoa do Peri e o Pantano Sul onde estava o PC3, foram deliciosos 100km de vento contra. Neste PC novamente a estrutura muito boa com várias frutas (tinha melancia), pão, geléia, barrinha de banana e água. Saindo do PC3, sentido Ingleses o vento ficou a favor por uns poucos 15km e sentimos um grande alívio até chegarmos no engarrafamento clássico que ocorre nos domingos a tarde na Lagoa da Conceição. Ali o negócio foi colocar as bikes entre as duas pistas e fazer igual as motos, cortar o transito porque o tempo era curto.

Audax 300 Floripa - Morro das PedrasAudax 300 Floripa – Morro das Pedras

Subimos o morro da Lagoa, Praia Mole e seguimos pela Barra da Lagoa. A subida é curta mas exigente, porém como tudo que sobe uma hora desce, a descida é outra dose cavalar de adrenalina, nada que 74km/h de vento na cara não resolva.

Engarrafamento na lagoaEngarrafamento na lagoa

Passamos pelo Rio Vermelho – odeio aquelas longas retas no meio do nada – e mais algumas dezenas de kilômetros depois estávamos no PC4. Para passar o tempo, chorava todas as pitangas com o Dalton, ficávamos imaginando em quanto tempo os primeiros já haviam terminado o Audax e ainda estávamos ali cumprindo nossa jornada. Foram momentos que demos risadas, choramos todas as pitangas, sentimos dores no corpo e reclamamos das assaduras que estavam começando a aparecer (sem contar o vendaval desumano que nos acompanhava desde as 8h da manhã).

No PC4, as bicicletas eram derrubadas pelo vento, sério! O vendaval era muito forte, daqueles de levar folhas das árvores e fazer redemoinhos de areia no asfalto, mas pra quem queria pedalar 300km e achar que seria moleza, era muita ingenuidade. Tinha que ser com estilo, sofrido, com o joelho doendo e o recorde do pedal mais distante só aumentando a cada kilômetro pedalado. Eu gravei o vídeo abaixo pra ter uma recordação do vendaval, olha aí.

Na saída do PC4, já em clima de “falta só 40km”, vinha lembrando da frase do Marcio Nishikawa “A dor é passageira, mas as conquistas não”. Esta frase é bem realidade, porque a dor é passageira, claro que ela é! Ela embarca como passageira e vai até a chegada heheh. Brincadeiras a parte, tudo isso me dava forças, sem contar as vacas pelo caminho. Moo, moo pra elas e todas me retribuíam com mais forças pra pedalar. Não sei se teria feito este Audax sem todas as vacas que encontrei pelo caminho (não foram poucas).

Falando em vacas, descobri que o Dalton fala com cachorros. Sempre pensei que o Dalton fosse louco de não entender como eu converso com as vacas, mas vi que ele é um cara normal, e fala com os cachorros também. Vai pra casinha Tobby!

Passamos as subidinhas do (bairro) João Paulo e o clima de “caramba, tá chegando” começou a invadir o corpo. Se houvesse um nome para este Audax, com certeza seria Audax 300 Ventania. Parafraseando o amigo Luiz Fernandes, poderia até mudar o nome deste post para “Cronicas de 300 e Vendavais“, porque foi muito vento gente.

Quero deixar registrado aqui meu agradecimento a parceria e amizade que fiz com o Dalton neste Audax 300. A minha família que torceu em casa e me apoiou em todos os sentidos e também os amigos de pedais de de Facebook que mandaram mensagens de apoio e ficaram torcendo. Confesso que quero fazer o Audax 400, mas na vida há um degrau de cada vez, porque já é meu objetivo para o próximo ano. Quem acompanha?

Ficha Técnica Audax 300 Floripa

  • Cidades Percorridas: Florianópolis, São José, Biguaçu, Governador Celso Ramos, Tijucas, Itapema, Balneário Camboriú e Itajaí
  • Tempo pedalando: 15h 36min
  • Tempo Total: 18h 17min
  • Distância: 312.7 km
  • Média: 20.0 km/h
  • Água: 11 litros
  • Alimentação: 2 pães de queijo, 4 bananas, 2 tangerinas, melancia, risoto, 4 maltodextrina em gel, 6 barrinhas de cereal, pães e uma infinididade de comida, sério! Eu comi tanta coisa que nem lembro exatamente mais *rs
  • Gasto Calórico: 12.390 kcal